segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Quem, afinal, tem o que dizer diante da megacrise do império?

Viver entre os 1%

Quando se é trabalhador, de família de trabalhadores, todos cuidam de todos, e quando um se dá bem, ou outros vibram de orgulho – não só pelo que conseguiu ter sucesso, mas porque, de algum modo, um de nós venceu, derrotou o sistema brutal contra todos, que comanda um jogo cujas regras são distorcidas contra nós. Nós conhecíamos as regras, e as regras diziam que nós, ratos das fábricas da cidade, nunca conseguíamos fazer cinema, ou aparecer em entrevistas na televisão ou conseguíamos fazer-nos ouvir em palanque nacional. O artigo é de Michael Moore.

Tradução do Coletivo da Vila Vudu

 

Amigos,

Há 22 anos, que se completam nesta terça-feira, estava com um grupo de operários, estudantes e desempregados no centro da cidade onde nasci, Flint, Michigan, para anunciar que o estúdio Warner Bros, de Hollywood, comprara os direitos de distribuição do meu primeiro filme, “Roger & Me”. Um jornalista perguntou: “Por quanto vendeu?”

“Três milhões de dólares” – respondi com orgulho. Houve um grito de admiração, do pessoal dos sindicatos que me cercava. Nunca acontecera, nunca, que alguém da classe trabalhadora de Flint (ou de lugar algum) tivesse recebido tanto dinheiro, a menos que um dos nossos roubasse um banco ou, por sorte, ganhasse o grande prêmio da loteria de Michigan.

Naquele dia ensolarado de novembro de 1989, foi como se eu tivesse ganho o grande prêmio da loteria – e o pessoal com quem eu vivia e lutava em Michigan ficou eufórico com o meu sucesso. Foi como se um de nós, finalmente, tivesse conseguido, tivesse chegado lá, como se a sorte finalmente nos tivesse sorrido. O dia acabou em festa. Quando se é trabalhador, de família de trabalhadores, todos cuidam de todos, e quando um se dá bem, ou outros vibram de orgulho – não só pelo que conseguiu ter sucesso, mas porque, de algum modo, um de nós venceu, derrotou o sistema brutal contra todos, sem mercê, que comanda um jogo cujas regras são distorcidas contra nós.

Nós conhecíamos as regras, e as regras diziam que nós, ratos das fábricas da cidade, nunca conseguíamos fazer cinema, ou aparecer em entrevistas na televisão ou conseguíamos fazer-nos ouvir em palanque nacional. A nossa parte deveria ser ficar de bico calado, cabeça baixa, e voltar ao trabalho. E, como que por milagre, um de nós escapara dali, estava a ser ouvido e visto por milhões de pessoas e estava ‘cheio de massa’ – santa mãe de deus, preparem-se! Um palanque e muito dinheiro... agora, sim, é que os de cima vão ver!

Naquele momento, eu sobrevivia com o subsídio de desemprego, 98 dólares por semana. Saúde pública. O meu carro morrera em abril: sete meses sem carro. Os amigos convidavam-me para jantar e sempre pagavam a conta antes que chegasse à mesa, para me poupar ao vexame de não poder dividi-la.

E então, de repente, lá estava eu montado em três milhões de dólares. O que eu faria do dinheiro? Muitos rapazes de terno e gravata apareceram com montes de sugestões, e logo vi que, quem não tivesse forte sentido de responsabilidade social, seria facilmente arrastado pela via do “eu-eu” e muito rapidamente esqueceria a via do “nós-nós”.

Em 1989, então, tomei decisões fáceis:

1. Primeiro de tudo, pagar todos os meus impostos. Disse ao sujeito que fez a declaração de rendimentos, que não declarasse nenhuma dedução além da hipoteca; e que pagasse todos os impostos federais, estaduais e municipais. Com muita honra, paguei quase um milhão de dólares pelo privilégio de ser norte-americano, cidadão deste grande país.

2. Os 2 milhões que sobraram, decidi dividir pelo padrão que, uma vez, o cantor e activista Harry Chapin me ensinou, sobre como ele próprio vivia: “Um para mim, um para o companheiro”. Então, peguei metade do dinheiro – e criei uma fundação para distribuir o dinheiro.

3. O milhão que sobrou, foi usado assim: paguei todas as minhas dívidas, algumas que eu devia aos meus melhores amigos e vários parentes; comprei um frigorífico para os meus pais; criei fundos para pagar a universidade das sobrinhas e sobrinhos; ajudei a reconstruir uma igreja de negros destruída num incêndio, lá em Flint; distribuí mil perus no Dia de Ação de Graças; comprei equipamento de filmagem e mandei para o Vietnã (a minha ação pessoal, para reparar parte do mal que fizemos àquele país, que nós destruímos); compro, todos os anos, 10 mil brinquedos, que dou a Toys for Tots no Natal; e comprei para mim uma moto Honda, fabricada nos EUA, e um apartamento hipotecado, em Nova York.

4. O que sobrou, depositei numa conta de poupança simples, que paga juros baixos. Tomei a decisão de jamais comprar ações. Nunca entendi o cassino chamado Bolsa de Valores de Nova York, nem acredito em investir num sistema com o qual não concordo.

5. Sempre entendi que o conceito do dinheiro que gera dinheiro criara uma classe de gente gananciosa, preguiçosa, que nada produz além de miséria e medo para os pobres. Eles inventaram meios de comprar empresas menores, para imediatamente as fechar. Inventaram esquemas para jogar com as poupanças e reformas dos pobres, como se o dinheiro dos outros fosse dinheiro deles. Exigiram que as empresas sempre registassem lucros (o que as empresas só conseguiram porque despediram milhares de trabalhadores e acabaram com os serviços de saúde pública para os que ainda tinham empregos). Decidi que, se ia afinal ‘ganhar a vida’, teria de ganhá-la com o meu trabalho, o meu suor, as minhas ideias, a minha criatividade. Eu produziria produtos tangíveis, algo que pudesse ser partilhado com todos ou de que todos gostassem, como entretenimento, ou do qual pudessem aprender alguma coisa. O meu trabalho, sim, criaria empregos, bons empregos, com salários decentes e todos os benefícios de assistência médica.

Continuei a fazer filmes, a produzir séries de televisão e a escrever livros. Nunca iniciei um projecto pensando “quanto dinheiro posso ganhar com isso?”. Nunca deixei que o dinheiro fosse a força que me fizesse fazer qualquer coisa. Fiz, simplesmente, exatamente o que queria fazer. Essa atitude ajuda a manter honesto o meu trabalho – e, acho, ao mesmo tempo, que resultou em milhões de pessoas que compram bilhetes para assistir aos meus filmes, assistem aos programas que produzo e compram os meus livros.

E isso, precisamente, enlouqueceu a direita. Como é possível que alguém da esquerda tenha tanta audiência no ‘grande público’?! Não pode ser! Não era para acontecer (Noam Chomsky, infelizmente, não vai aparecer no Today View de hoje; e Howard Zinn, espantosamente, só chegou à lista dos mais vendidos do New York Times depois de morto). Assim opera a máquina dos meios de comunicação. Está regulada para que ninguém jamais ouça falar dos que, se pudessem, mudariam todo o sistema, para coisa muito melhor. Só liberais sem personalidade, que vivem de exigir cautela e concessões e reformas lentas, aparecem com os nomes impressos nas páginas de editoriais dos jornais ou nos programas da televisão aos domingos.

Eu, de algum modo, encontrei uma brecha na muralha e meti-me por ali. Sinto-me abençoado, podendo viver como vivo – e não ajo como se tudo fosse garantido para sempre. Acredito nas lições que aprendi numa escola católica: que se tens sucesso, maior é a tua responsabilidade por quem não tenha a mesma sorte. “Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos.” Meio comunista, eu sei, mas a ideia é que a família humana existe para partilhar com justiça as riquezas da terra, para que os filhos de Deus passem por esta vida com menos sofrimento.

Dei-me bem – para autor de documentários, dei-me super bem. Isso, também, faz enlouquecer os conservadores. “Você está rico por causa do capitalismo!” – gritam. Hummm... Não. Não assistiram às aulas de Economia I? O capitalismo é um sistema, um esquema ‘pirâmide’ que explora a vasta maioria, para que uns poucos, no topo, enriqueçam cada vez mais. Ganhei o meu dinheiro à moda antiga, honestamente, fabricando produtos, coisas. Nuns anos, ganho uma montanha de dinheiro, noutros anos, como o ano passado, não tenho trabalho (nada de filme, nada de livro); então, ganho muito menos. “Como é que você diz que defende os pobres, se você é rico, exatamente o contrário de ser pobre?!” É o mesmo argumento de quem diz que, “Você nunca fez sexo com outro homem! Como pode ser a favor do casamento entre dois homens?!"

Penso como pensava aquele Congresso só de homens que votou a favor do voto para as mulheres, ou como os muitos brancos que foram às ruas, marchar com Martin Luther Ling, Jr. (E lá vem a direita, aos gritos, ao longo da história: “Hei! Você não é negro! Você nem foi linchado! Por que está a favor dos negros?!”). Essa desconexão impede que os Republicanos entendam por que alguém dá o próprio tempo ou o próprio dinheiro para ajudar quem tenha menos sorte. É coisa que o cérebro da direita não consegue processar. “Kanye West ganha milhões! O que está a fazer lá, em Occupy Wall Street?!”. Exatamente – lá está, exigindo que aumentem os impostos a ele mesmo. Isso, para a direita, é definição de loucura. Todo o resto do mundo somos muito gratos que gente como ele se tenha levantado, ainda que – e sobretudo porque – é gente que se levantou contra os seus interesses pessoais financeiros. É precisamente a atitude que a Bíblia, que aqueles conservadores tanto exaltam por aí, exige de todos os ricos.

Naquele dia distante, em novembro de 1989, quando vendi o meu primeiro filme, um grande amigo meu disse o seguinte: “Eles cometeram um erro muito grave, ao entregar tanto dinheiro a um sujeito como tu. Essa massa fará de ti um homem perigosíssimo. É prova do acerto do velho dito popular: ‘Capitalista é o sujeito que te vende a corda para se enforcar a ele mesmo, se achar que, na venda, pode ganhar algum dinheiro.”

Atenciosamente,

Michael Moore

MMFlint@MichaelMoore.com
27/10/2011
Conheça mais desse trabalho de difusão textual: Outras Palavras - Comunicação compartilhada e Pós-capitalismo – EM MUDANÇAS!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

“As pesquisas não mudam a realidade. Quem muda a realidade é o homem. Agora, as pesquisas, as teorias mudam o homem. Se mudarem o homem, ele muda a realidade"...

Pobres que trabalham e estudam têm jornada maior que operários do século XIX

por Fernando César Oliveira, site da UFPR

O economista Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), classificou ontem à noite em Curitiba como “heróis” os brasileiros de famílias pobres capazes de conciliar o trabalho com o estudo.

“No Brasil, dificilmente um filho de rico começa a trabalhar antes de terminar a graduação ou, em alguns casos, até mesmo a pós-graduação”, observou Pochmann.

“Os brasileiros pobres que estudam e trabalham são verdadeiros heróis. Submetem-se a uma jornada de até 16 horas diárias, oito de trabalho, quatro de estudo e outras quatro de deslocamento. Isso é mais do que os operários no século XIX.”

O presidente do Ipea foi um dos palestrantes na abertura da terceira edição do Seminário Sociologia & Política, ao lado da professora Celi Scalon (UFRJ), no Teatro da Reitoria da UFPR. “Repensando Desigualdades em Novos Contextos” é o tema geral do seminário. Promovido pelos programas de pós-graduação em Sociologia e em Ciência Política da instituição, o evento termina nesta quarta-feira (28).

Pochmann lembrou que o Brasil levou cem anos, desde a proclamação da República, em 1889, para universalizar o acesso das crianças e adolescentes ao ensino fundamental. “Mas esse acesso foi condicionado ao não crescimento dos recursos da educação, que permaneceram em torno de 4,1% ou 4,3% do PIB. Sem ampliar os recursos, aumentamos as vagas com a queda da qualidade do ensino.”

Essa universalização do ensino fundamental, no entanto, não significa que 100% dos brasileiros em idade escolar estejam estudando. Segundo dados apresentados pelo dirigente do Ipea, ainda existem 400 mil brasileiros com até 14 anos fora da escola. Se essa faixa etária for estendida para 16 anos, a cifra salta para 3,8 milhões de pessoas.

“A cada dez brasileiros, um é analfabeto. E ainda temos cerca de 45% analfabetos funcionais. É muito difícil fazer valer a democracia com esse cenário.”

Em sua fala, Marcio Pochmann também abordou temas como a redução da taxa de fecundidade das mulheres brasileiras, o crescimento da população idosa, o monopólio das corporações privadas transnacionais e a concentração da propriedade da terra.

“O Brasil não fez uma reforma agrária, não democratizou o acesso à terra. Temos uma estrutura fundiária mais concentrada do que em 1920, com o agravante de que parte dela está nas mãos de estrangeiros”, afirmou o economista. “De um lado, 40 mil proprietários rurais são donos de 50% da terra agriculturável do país, e elegem de 100 a 120 deputados federais. De outro, 14 milhões trabalhadores rurais, os agricultores familiares, elegem apenas de seis a dez deputados.”

Para Marcio Pochmann, a desigualdade é um produto do subdesenvolvimento. “Não que os países desenvolvidos não tenham desigualdade, mas não de forma tão escandalosa.”

Nem revolucionário, nem reformista

Segundo o presidente do Ipea, a participação dos 10% mais ricos no estoque da riqueza brasileira não mudou nos últimos três séculos. Permanece estacionada na faixa percentual em torno de 70 a 75%.
“Somos um país de cultura autoritária, com 500 anos de história e menos de 50 anos de vivência democrática. O Brasil não é um país reformista e muito menos revolucionário”, sentencia Pochmann. “A baixa tradição de uma cultura partidária capaz de construir convergências nacionais nos subordina a interesses outros que não os da maioria da população.”

Marcio Pochmann afirmou que os ricos não pagam impostos no Brasil. “Quem tem carro, paga IPVA. Quem tem lancha, avião ou helicóptero, não paga nada. E o ITR [Imposto Territorial Rural] é só pra inglês ver”, exemplificou. “Quem paga imposto no Brasil são basicamente os pobres.”

Um estudo do Ipea teria demonstrado que os moradores de favelas pagam proporcionalmente mais IPTU do que os brasileiros que vivem em mansões. “Quem menos paga é quem mais reclama de imposto. Tanto que impostômetro foi feito no centro rico de São Paulo.”

Pochmann observa que o tema das desigualdes não gera manifestações, não gera tensão. “Não há greve em relação às desigualdades.”

Trabalho imaterial

Na avaliação de Márcio Pochmann, a sociedade mundial está cada vez mais assentada no que ele chama de “trabalho imaterial”, associado a novas tecnologias de informação, como aparelhos celulares e microcomputadores. “O trabalhador está cada vez mais levando trabalho pra casa.”

Essa sociedade do trabalho imaterial, conforme o dirigente do Ipea, pressupõe uma sociedade que tenha como principal ativo o conhecimento. “Pressupõe o estudo durante a vida toda, e o ensino superior apenas como piso.”

Pochmann criticou ainda a forma como a comunidade acadêmica tem tratado o tema das desigualdades no país. “O tema tem sido apresentado de forma muito descritiva e pouco de enfrentamento real e efetivo. Em que medida a discussão está ligada a intervenções efetivas, a políticas que possam de fato alterar a realidade como a conhecemos?”

Na avaliação dele, a fragmentação e a especialização das ciências sociais aprofundariam o quadro de alienação sobre o problema das desigualdades.

“As pesquisas não mudam a realidade. Quem muda a realidade é o homem. Agora, as pesquisas, as teorias mudam o homem. Se mudarem o homem, ele muda a realidade. Nada nos impede de fazer isso, a não ser o medo, o medo de ousar.”

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A moral imoral dos que se dizem apolíticos...

DEBATE ABERTO

Rafinha não dançou por machismo, mas por mexer com gente rica

O integrante do CQC, que fez piada de péssimo gosto com Wanessa Camargo, já falara coisas piores. Agora mexeu com esposa de milionário, que ameaçou tirar anúncios da TV Bandeirantes. Ninguém classificou caso como atentado à liberdade de expressão. Já quando ministra condena comercial de lingerie machista, o coro é um só: “Censura”!

Qual é o problema com a suposta piada de Rafinha Bastos? Ele antes já exibira todas as cores de seu mau gosto e nada acontecera.

Todos conhecem a pérola, não? O apresentador aproveitou-se de uma bola levantada pelo chefe da cena do programa Custe o que Custar (CQC), Marcelo Tas, sobre a gravidez da cantora Wanessa Camargo, e cortou ligeiro: “Eu comeria ela e o bebê, não tô nem aí”. Foi logo acompanhado por risos e caretas de seus colegas de vídeo, Tas e Marco Luque .

A grosseria foi ao ar dia 19 de setembro. A TV Bandeirantes, que exibe o programa, levou duas semanas para decidir o que fazer. Em 3 de outubro, o apresentador foi suspenso da bancada. Não se sabe se voltará.

Não foi a primeira vez que Rafinha exerceu sua – digamos - sutileza. Em entrevista à revista Rolling Stone, em maio de 2011, ele saiu-se com esta: “Mulheres feias deveriam agradecer caso fossem estupradas, afinal os estupradores estavam lhes fazendo um favor, uma caridade”.

A gracinha com as feias não rendeu ao gaúcho de dois metros de altura nada além de protestos de movimentos femininos. Mas a liberdade com a cantora custou-lhe até agora, além do posto no programa, o cancelamento de shows e o rompimento de alguns contratos de publicidade. Rafinha perdeu grana com a brincadeira.

Pensamento vivo
Repetindo: qual o problema com as tiradas do rapaz de 34 anos, num universo midiático em que o mau gosto, a boçalidade e o “politicamente incorreto” passaram a ser valores em si?

Rafinha vive num tempo em que as demonstrações de preconceito, como as do apresentador de outro programa de entretenimento da mesma emissora, Boris Casoy, não têm consequências maiores. Todos se recordam da fineza do jornalista ao desqualificar dois garis que apareceram em seu programa para desejar boas festas, no final de 2009. Sem saber que os microfones estavam abertos, ele foi ao ponto: "Que merda: dois lixeiros desejando felicidades do alto da suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho".

O artista do CQC também sabe que o pensamento vivo de gente como o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) recebe destacada acolhida em grandes meios de comunicação. Sua entrevista à revista Playboy, em junho último, é pródiga em preciosidades. Segue um exemplo: “Moro num condomínio, de repente vai um casal homossexual morar do meu lado. Isso vai desvalorizar minha casa!”.

Outro luminar da intelectualidade midiática, o ex-compositor Lobão, por sua vez, exibiu os músculos cerebrais em um festival de cultura em São Francisco Xavier (São José dos Campos, SP), também em junho. Após demonstrar criteriosamente que toda a música popular brasileira não tem nenhum valor, ele sentenciou: “A gente tinha que repensar a ditadura militar. Essa Comissão da Verdade que tem agora. (…) Que loucura que é isso? Aí tem que ter anistia pros caras de esquerda que sequestraram o embaixador, e pros caras que torturavam, arrancavam umas unhazinhas, não?”.

Os exemplos são infindáveis. Rafinha provavelmente é leitor de Reinaldo Azevedo, o blogueiro de Veja, que, em março de 2010, durante uma palestra no afamado Instituto Millenium, em São Paulo, externou sua particular concepção de liberdade de expressão: “A imprensa tem que acabar com o isentismo e o outroladismo, essa história de dar o mesmo espaço a todos”. Na mesma oportunidade, o cineasta aposentado Arnaldo Jabor lançou o desafio de “impedir politicamente o pensamento de uma velha esquerda que não deveria mais existir no mundo”. Impedir o pensamento... muito bom!

A baixaria televisiva contaminou até mesmo as campanhas eleitorais. Continuam na memória de todos os ataques da campanha de José Serra à Dilma Rousseff, em 2010, sobre o tema do aborto. Em Nova Iguaçu (RJ), Monica Serra, esposa do então candidato tucano, disse o seguinte sobre a petista: "Ela é a favor de matar as criancinhas".

Dois anos antes, a campanha de Marta Suplicy (PT) à prefeitura de São Paulo já havia colocado em dúvida a sexualidade de seu oponente, ao dizer: “Você sabe mesmo quem é o Kassab? Sabe de onde ele veio? Qual a história do seu partido?” Em seguida, aparece a foto do prefeito: “Sabe se ele é casado? Tem filhos?”

Bem acompanhado
Rafinha está em boa companhia. Deve se sentir incentivado para exercer seu rosário de preconceitos. Provavelmente pensa estar “quebrando paradigmas”, investindo contra o estabelecido e externando uma rebeldia adolescente, que lhe granjeia grande popularidade e bons cachês.

Ridicularizar e humilhar quem tem poucas chances de se defender, em uma sociedade com desigualdades abissais como a brasileira, é um grande negócio. Prova isso a lista de clientes dos shows do moço, que constam de sua página na internet. São elas Votorantim, Bosch, Agroceres, LG, HP, Ernst & Young, IBM, Banco Real, Vivo, Springer Carrier, Cargil, Unilever, Motorola, Chevrolet, Sherwin Williams, Valor Econômico, Bunge, GNT (Globosat), Jornal O Estado de S. Paulo, Coca-Cola, Bradesco, ESPM etc. Segundo a Veja, ele foi visto em mais de 730 comerciais somente neste ano.

Rafinha faz parte de uma tendência do humor televisivo, que se abriu após a chegada dos humoristas do Casseta e Planeta ao vídeo. A linhagem envolve também o programa Panico (da Rede TV!) e outros imitadores, além do Zorra Total, da Globo. Todos se dizem distantes da política, independentes e praticantes de um humor anárquico e sem freios. Nem mesmo a participação de Marcelo Tas como palestrante em um encontro da juventude do DEM ,em novembro de 2008, ou de Marcelo Madureira nas palestras hidrófobas do Instituto Millenium, os comprometem, segundo eles, com idéias que não as próprias.

Acima da cintura
Num panorama desses, repetimos: qual o problema de Rafinha Bastos?

O problema é que o garoto bateu acima da cintura.

Tudo bem desancar garis, a esquerda que foi à luta nos anos da ditadura, exaltar a parcialidade da imprensa e atacar homossexuais e outros grupos vulneráveis.

Não pode é investir contra o topo da pirâmide social.

Rafinha cometeu esse pecado. Wanessa Camargo é casada com Marcus Buaiz, 31 anos, herdeiro de um dos maiores conglomerados empresariais do Espírito Santo, o Grupo Buaiz, que completa 70 anos em 2012. O grupo é formado pela TV Vitória (afiliada da Rede Record), por duas rádios, pelo Nova Cidade Shopping Center, por várias empresas de alimentação (Café Número Um, Moinho Três Rios e Moinho Vitória), pela Buaiz Importação e Exportação, pela incorporadora Meca e pela Automóbile Comércio de Veículos, entre outras.

Marcus Buaiz transferiu-se para São Paulo, onde é proprietário de casas noturnas e restaurantes, além de uma empresa de marketing esportivo, a 9INE, em parceria com o ex-jogador Ronaldo Fenômeno. Segundo o jornal A Gazeta, de Vitória, o empresário e seu sócio teriam ameaçado tirar anúncios do programa, após a performance de Rafinha Bastos. “Um comercial de 30 segundos no CQC custa 130 mil reais. Já um merchandising pode custar de 240 mil a dois milhões e 400 mil reais, sem incluir cachês”, diz a publicação.

Com tudo isso, a Bandeirantes podou Rafinha Bastos de sua programação.

Dois pesos
O curioso da história é que intenção semelhante, de retirada de um comercial de lingerie do ar, por parte da ministra da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres, Iriny Lopes (PT), foi classificada como censura por colunistas de imprensa e até por colegas seus na Esplanada dos Ministérios.

Na peça, em três versões, Gisele Bündchen faz as vezes de uma esposa prestes a dar uma péssima notícia ao marido: estourou o limite do cartão de crédito, bateu o carro ou informa que sua mãe virá morar com eles. É um machismo digno dos anos 1950. Os publicitários da agência Giovanni+DraftFCB devem ter achado o máximo a própria criação. No clima de boçalidade modernosa, não há problema na mulher bonita, mas dependente do marido provedor, invocar seus atributos eróticos para conseguir o que quer.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, a representante governista assim se manifestou: “A propaganda caracteriza como correto a mulher dar uma notícia ruim apenas de lingerie e errado estar vestida normalmente. Essa definição de certo e errado caracteriza um sexismo atrasado e superado”.

A ação da ministra está a quilômetros de distância das ameaças que teriam sido feitas pelo marido de Wanessa Camargo ou pela ação da Bandeirantes, que sem mais tirou Rafinha do ar. Iriny apenas solicitou ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) a suspensão da peça publicitária.

O mundo desabou sobre sua cabeça, com insinuações sobre estética feminina e inveja da modelo.

O caso Rafinha Bastos é pedagógico. No Brasil, além das mulheres, qualquer minoria pode ser atacada. Menos uma: a minoria dos endinheirados.

Gilberto Maringoni, jornalista e cartunista, é doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de “A Venezuela que se inventa – poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez” (Editora Fundação Perseu Abramo).

sábado, 8 de outubro de 2011

Novos pesos e medidas nas políticas linguísticas internacionais...

Unesp e Instituto de Educação Internacional dos Estados Unidos celebram acordo para ensinar português para estudantes norte-americanos


      Difusão da língua portuguesa

      site da FAPESP 
      07/10/2011
      Agência FAPESP – A Assessoria de Relações Externas (Arex) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e o Instituto de Educação Internacional do governo dos Estados Unidos (IIE, na sigla em inglês) fecharam um acordo de cooperação para que 20 alunos norte-americanos aprendam português durante um ano.

      A iniciativa integra o The Language Flagship Program, uma ação financiada pelo IIE para que estudantes norte-americanos aprendam idiomas de interesse estratégico para o país. Já há cooperações desse tipo para o ensino de mandarim, coreano, árabe, russo, línguas africanas e hindustâni, língua falada no norte da Índia e no Paquistão que é a base do híndi e do urdu.

      “Como potência emergente, o Brasil está ligado aos interesses econômicos do governo norte-americano”, disse Solange Aranha, professora do Instituto de Biociências e Ciências Exatas (Ibilce) da Unesp, campus de São José do Rio Preto, que é uma das idealizadoras do projeto.
      De acordo com a Unesp, os estudantes que participarão do projeto estão vinculados ao departamento de português e estudos latino-americanos da Universidade da Geórgia.

      Segundo o diretor do programa pela instituição americana, o professor Robert Moser, a indicação da Unesp foi baseada na diversidade e na qualidade dos cursos e professores, por sua estrutura multicâmpus e pelo uso de tecnologia na aprendizagem de línguas estrangeiras.

      “A parceria com a Unesp foi fundamental para garantir o sucesso da proposta e para sugerir um plano inovador, sólido e com expectativas realistas de concretização. É o único programa Flagship em português”, disse Moser.

      “Creio que esta seja a maior bolsa federal americana fornecida especificamente para apoiar o estudo intensivo de português, o que representa uma fonte de orgulho muito grande para ambas as instituições”, disse.

      O IIE enviará recursos para que a Unesp desenvolva durante o ano de 2012 um curso de português para estrangeiros, treine alunos de pós-graduação para atuar como tutores nessas aulas e crie uma infraestrutura para os visitantes.

      A partir de 2013, os estrangeiros receberão uma bolsa para passar um semestre fazendo aulas intensivas de português nos câmpus da Unesp de Assis ou de São José do Rio Preto. Depois, passarão mais seis meses em qualquer unidade da universidade paulista que ofereça curso de graduação ou pós em sua área de estudo. Nesse segundo período, os americanos também poderão fazer estágios acadêmicos.

      Mais informações: www.unesp.br/noticia.php?artigo=7595

      sexta-feira, 7 de outubro de 2011

      As estratégias de comunicação constroem os mitos pós-modernos - material que lembra bem o texto de Krieg-Planque, né?

      Relembre frases e aforismos de Steve Jobs

      6 de outubro de 2011|
      16h52|

      Por camilorocha

      Fonte: Estadão


      SÃO PAULO – Com a morte de Steve Jobs, o Twitter e o Facebook foram inundados por suas frases e aforismos. Mais uma maneira encontrada pelos internautas de homenagear o ex-CEO do Apple.
      Jobs era um mestre da comunicação. Vendia com habilidade seus produtos e sua visão de mundo. Caprichava nas frases de efeito, dessas que viram bordões motivacionais.
      —-
      Siga o ‘Link’ no Twitter e no Facebook

      O Link separou algumas das melhores frases de Jobs, incluindo algumas passagens do célebre discurso que deu numa cerimônia de formatura da universidade de Stanford, em 2005.


      Discurso em cerimônia de formatura da universidade de Stanford em 2005

      “A morte é provavelmente a melhor invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Tira o velho do caminho para dar lugar para o novo.”

      “Não há motivo para não se seguir o coração… Nunca deixe de ter fome. Nunca deixe de ser insensato.”

      “Seu tempo é limitado, então não o desperdice vivendo a vida de outra pessoa. Não se deixe aprisionar pelo dogma – que é viver segundo os resultados dos pensamentos de outras pessoas. Não deixe o barulho da opinião dos outros sufocar sua própria voz interior.”

      “Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço de evitar a armadilha de achar que você tem algo a perder.”

      “Você não pode ligar os pontos olhando para a frente; você só pode fazer isso olhando para trás. Então você tem que confiar que os pontos irão se conectar de alguma forma no futuro. Você tem que confiar em algo – seu instinto, destino, vida, karma, seja o que for. Esse modo de encarar as coisas nunca me deixou na mão e fez toda a diferença na minha vida.”

      Texto da campanha publicitária da Apple “Think different” (“pense diferente”), de 1997

      “Essa aqui é para os malucos. Os que não se encaixam. Os rebeldes. Os que causam problemas. Os que fogem do padrão. Aqueles que veem as coisas de maneira diferente. Eles não gostam de regras. E não têm nenhum respeito pela ordem estabelecida. Você pode citá-los, discordar deles, glorificar ou vilanizá-los. Praticamente a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam coisas. Eles empurram a raça humana adiante. Alguns podem considerá-los doidos. Nós enxergamos genialidade. Porque as pessoas loucas o bastante para achar que podem mudar o mundo são as pessoas que o fazem.”

      Steve Jobs fala durante a WWDC, conferência anual de desenvolvedores da Apple, em junho de 2008. FOTO:  Kimberly White/Reuters
      Entrevista para a Business Week, 1998
      “Estamos sempre pensando em novos mercados para entrar, mas é só dizendo não que você pode concentrar nas coisas que são realmente importantes.”

      Entrevista para a Fortune, 2000
      “Na maioria dos vocabulários das pessoas, design significa superfície. É decoração de interiores. É o tecido da cortina e do sofá. Mas, para mim, nada pode estar mais distante do signficado de design. Design é a alma fundamental de uma criação humana que acaba se expressando em sucessivas camadas externas do produto ou do serviço.”

      Palestra, 2000
      “Nada me deixa mais feliz do que receber um email de uma pessoa qualquer no universo que acabou de comprar um iPad no Reino Unido e que me conta como é o produto mais bacana que ela já trouxe pra casa em toda sua vida. Isso é o que me motiva”

      No livro Apple Confidential 2.0, de 2004, sobre a história da Apple
      “Sou a única pessoa que conheço que perdeu um quarto de bilhão de dólares em um ano… é muito bom para edificar o caráter.”

      Entrevista para Business Week, 1998
      “Simples pode ser mais difícil que complexo. Você tem que trabalhar muito para chegar a um pensamento claro e fazer o simples.”

      Em Apple Odyssey: Pepsi to Apple, autobiografia de John Sculley, ex-CEO da Apple
      “É mais divertido ser um pirata do que se juntar à Marinha.”

      No documentário O Triunfo dos Nerds, 1996
      “Picasso dizia que ‘bons artistas copiam e grandes artistas roubam’. E eu nunca tive vergonha de roubar grandes ideias… Acho que parte do que fez a Macintosh grande foi que as pessoas trabalhando aqui eram músicos e poetas e artistas e zoólogos e historiadores que por acaso eram também os melhores cientistas da computação do mundo.”

      quarta-feira, 5 de outubro de 2011

      Discursos sobre machismo, proibições, humor... ou outra coisa?

      Observatório da Imprensa - 15 Anos Apoio: Fundação Ford

      CASO GISELE BÜNDCHEN

      O governo, a mídia e a calcinha

      Por Ligia Martins de Almeida em 04/10/2011 na edição 662
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      A imprensa e os comentários na internet fizeram mais pela lingerie da Hope do que o anúncio com a super model Gisele Bündchen conseguiria com divulgação no horário nobre de todos os canais abertos do país. O que era para ser – na defesa da empresa – uma peça de humor, virou assunto de governo e do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), que vai decidir se mantém o anúncio no ar.

      Dizer que o anúncio “promove o reforço do estereótipo equivocado da mulher como objeto sexual de seu marido e ignora os grandes avanços que temos alcançado para desconstruir práticas e pensamentos sexistas” – segundo a nota da Secretaria de Políticas para as Mulheres – talvez seja exagero. Em primeiro lugar, porque as espectadoras, e potenciais compradoras da lingerie em questão, sabem que nem usando a peça mais sensual do mundo (o que não é o caso das peças do anúncio) vão ficar com o corpo da Gisele Bündchen – o que, de cara, invalida a mensagem. Em segundo lugar, porque as mulheres que têm dinheiro para gastar com lingeries da marca Hope (o sutiã mais barato à venda na web custa 50 reais) certamente têm cartão de crédito próprio e dinheiro para pagar a própria conta.
      Como disse Inês de Castro em seu comentário da Band News (29/9/2011), foi-se o tempo em que as mulheres dependiam dos maridos para ter e comprar carro e manter um cartão de crédito. Em seu comentário, Inês fez uma ressalva importantíssima: a de que o fato do anúncio ser sexista não pode servir de desculpa para proibições governamentais.

      Só prestam atenção quando há celebridades envolvidas?

      Esse anúncio, assim como o da cerveja Devassa – que também criou polêmica –, não pode servir de desculpa para o governo sugerir proibições. Se mau gosto fosse desculpa, haveria muito mais coisa a ser tirada do ar.

      Pior do que ofender mulheres com peças de humor duvidoso é vender ilusões de eterna juventude, corpo perfeito sem sofrimento etc., etc. E anúncios desse tipo passam todo dia na televisão sem que ninguém discuta seus efeitos e suas promessas enganosas.

      Assim como o espectador tem liberdade de escolher o que quer ver na televisão, a consumidora tem pleno direito de comprar os produtos de que gosta ou rejeitar se achar que o anúncio é ofensivo. Não é proibindo anúncios que a Secretaria da Mulher vai conseguir mudar a mentalidade dos brasileiros – homens e mulheres.

      A imprensa, em vez de se limitar a relatar a polêmica, deveria ir além do simples noticiário e perguntar às leitoras se elas se sentiram ofendidas com o anúncio e, principalmente, se levam a sério conselhos de uma celebridade que – não por acaso – também é dona de uma marca de lingerie.

      Uma pergunta que a imprensa também deveria fazer é a seguinte: se o anúncio tivesse sido feito por outra modelo – que não a super famosa e super endeusada Gisele – estaria dando tamanha repercussão? Ou as autoridades do governo só prestam atenção em anúncios e notícias quando há celebridades envolvidas?

      ***

      [Ligia Martins de Almeida é jornalista]

      domingo, 2 de outubro de 2011

      Criação, bem comum, direitos autorais...

      Direitos autorais: para sempre menos um dia

      Fonte: Autoria em Rede

      Este vídeo, bem curtinho, mostra de uma forma irônica e bem-humorada como as leis de Direito Autoral se tornaram mais e mais restritivas com o passar dos séculos.

      Por exemplo, a primeira lei de Direito Autoral, promulgada na Inglaterra em 1710, previa a detenção de direitos de propriedade sobre uma obra intelectual até 28 anos depois de sua criação. Atualmente são 70 anos depois da morte do autor, quando não há mais o menor sentido na concessão deste direito como forma de incentivar a produção do artista.

      O interessante é que o maior beneficiário dessa regulamentação é a indústria cultural. E veja só que paradoxo: a Disney detém os direitos de seus desenhos animados – ninguém pode criar obras derivadas a partir deles – que foram criados a partir de contos populares que já estavam em domínio público na época. Quer dizer, bebeu de graça no manancial da cultura, mas a regra não vale para suas próprias produções.

      O vídeo apresenta ainda o exemplo do filme Star Wars pra mostrar como a produção já rendeu enormes lucros e, no entanto, continua proibido o seu uso para o remix e afins. Quem perde com isso é a própria cultura já que as possibilidades de criação ficam limitadas.

      Assista e confira.