sexta-feira, 31 de maio de 2013

Facebook censura post



Facebook censura post de Dilma Bolada crítico a Aécio Neves inspirado em notícia da Fórum

notícia publicada pela Fórum aponta que Aécio Neves é réu e será julgado por desvio de R$4,3 bilhões da saúde

Por Igor Carvalho

Fonte: Revista Fórum
 
O Facebook deletou uma postagem do perfil Dilma Bolada, inspirado em uma matéria publicada pela Fórum, criticando o senador Aécio Neves (PSDB). Por conta disso, o carioca Jeferson Monteiro, que administra o perfil nas redes sociais, afirmou que está considerando a possibilidade de retirar a sátira do ar.

Perfil satiriza a rotina da presidenta Dilma Roussef (Imagem: Dilma Bolada)


Fórum se solidariza e compreende a pressão sofrida por Jeferson, mas apela para que ele não desista do perfil que criou, que é um dos mais divertidos da rede.
Confira o texto postado no Dilma Bolada, questionando a censura do Facebook e cogitando a possibilidade de sair das redes sociais.






NOTA DE ESCLARECIMENTO:
Queridos internautas e queridas internautas, venho por meio deste esclarecer um episódio que ocorreu no último sábado à noite.
Infelizmente é um assunto desagradável que de antemão peço desculpas a todos por ter que abordá-lo. Pois então, no último sábado à noite, enquanto assistia à novela, vi algumas inserções comerciais de Aécio no intervalo comercial. No twitter, recebi o link de um seguidor de uma matéria da Revista Fórum que dizia que o cidadão é RÉU de um processo por improbidade administrativa. Achei curioso e resolvi fazer um post aqui no Facebook, mas antes, como de costume, fui checar se a citada notícia havia sido veiculada em algum lugar, e encontrei no portal Fala MG e no Bahia Notícias.
Pois bem, então fiz o post por volta das 10 da noite no sábado, euzinha mantive a linha de sempre, falei que não levava desaforo pra casa e chamei Never de piadista. A reação foi imediata: o post teve mais de 1300 likes em 10 minutos e 600 compartilhamentos(números surpreendentes para um sábado à noite), as reações contrárias também foram muitas, estas inclusive me fizeram, naquele momento, não retomar ao assunto pois sempre levo em consideração a percepção de vocês. Mas para a supresa de todos, cerca de 3 horas depois, o post foi APAGADO!
Fiquei chatiadíssima com essa situação e sem entender o que havia ocorrido. No twitter, na segunda, meus seguidores pediram que eu refizesse o post e decide por refazer. Ainda na segunda, a coluna da Mônica Bergamo da Folha me procurou para saber o que havia ocorrido. Eles entraram em contato com o Facebook Brasil que disse que não comentaria o caso, o que me causa ainda mais indignação. O Facebook é uma rede social livre e tem suas próprias regras e diretrizes, por isso tomo todos os cuidados necessários para obedecê-los, e ao meu ver não houve nenhum descumprimento à sua política de privacidade. Pelo contrário, eu acho que meu post era um belíssimo caso de liberdade de expressão em nosso país que já teve tempos muito difíceis onde as pessoas eram oprimidas.
Em tempo, ultimamente tem sido complicado estar aqui com vocês, não digo nem por mim afinal competência, simpatia, conexão e beleza sempre me acompanham, mas falo pelo jovem fake golpista Jeferson Monteiro, apesar dos pesares me preocupo com cada um de vocês e com ele não tem seria diferente, tenho observado há muito que ele vem sofrendo constantes ataques de pessoas opositoras e contrárias ao meu Governo, membros do PSDB e da “Juventude” do Partido estão numa intensa e incessante perseguição a ele, todos os dias ofendendo, usando duras palavras, fazendo acusações infundadas e ameaçado de processos quando se pensa em responder à altura. É muito complicado que tenhamos pessoas com pensamentos tão limitados e conspiratórios que só pensem que as pessoas fazem as coisas por dinheiro. Dirijo-me ao Presidente deles e peço que aconselhe seus filhotes e que eles tenham um pouco mais de bom senso e educação.
Exposto tudo isso, gostaria de reafirmar: esta rede é minha, apenas minha sem vínculo com ninguém mais. É extremamente desagradável que eu tenha que parar no meio do meu expediente para escrever isso para vocês.

Também peço desculpas a todos aqueles que, independente do partido, tenham que se deparar com essas declarações. O meu compromisso é com vocês, dilmetes, independente se você é do time dos vermelhos, dos tucanos, do dudu ou dos sustentáveis. Sou a Presidenta de todos!
Diante de tudo o que foi dito, hoje vou tirar o dia para refletir e tomar a decisão se continuamos ou não juntos aqui. Por isso, vou analisar todos os pontos e hoje às 20h, eu farei uma nota oficial aqui na página para anunciar se eu, Dilma Bolada, fico ou se vou.

Enfim, tenham certeza que tomarei a melhor decisão para todos nós e peço que entendam e me apóiem independente de qual seja.
Por fim, faço um apelo ao Facebook, ao Alexandre Hohagen, que conhece nossa página, e a imprensa para que todos saibamos o que ocorreu. Vivemos num país livre e nossa maior rede social não pode nos privar o direito ao acesso à informação e a liberdade de expressão e opinião. Informo ainda que hoje, excepcionalmente, não atenderei demandas da imprensa. Espero que compreendam.
Em tempo, agradeço a Folha e a coluna pela ajuda no caso, aqui vocês podem conferir a coluna de hoje: http://bit.ly/18uhIBq
“Prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras.”

Brasil, país rico é país onde é assegurado o direito de manifestar livremente opiniões, ideias e pensamentos.

#RainhaDaNação #InternetSemPresidenta #DilmaBoladaCensurada #VouLigarProMarkinho #CensuraEuVETO #ImaginaNaCopa #SeuRecalqueBateNaMinhaPopularidadeEVolta

Postado originalmente em http://migre.me/eMuUa.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Cultura Livre!

A produção científica quer ser livre

Por Bia Martins, do blog Autoria em Rede

Existe atualmente um paradoxo no que se refere à produção científica brasileira: embora ela seja financiada com dinheiro público – via agências como Capes, CNPQ, Faperj e Fapesp –, boa parte fica restrita a publicações pagas.

Atualmente as universidades públicas são obrigadas a colocar em repositórios de acesso livre toda a produção de seus alunos, como monografias, dissertações e teses. Porém, a produção intelectual dos professores não é tratada da mesma forma. Mesmo que financiada pelo governo, é considerada patrimônio privado do pesquisador que decide como quer divulgá-la.

Outro dia soube que existe um projeto de lei, em tramitação no Senado, que visa obrigar todas as instituições de ensino superior de caráter público, assim como as unidades de pesquisa, a publicar a produção técnico-científica de seu corpo discente e docente em repositórios de acesso livre.
Conheça o projeto aqui. Acompanhe sua tramitação aqui.

A má notícia é que um projeto similar havia sido apresentado em 2007, mas não conseguiu ir à votação até o término da legislatura, em 2010. O projeto atual está ainda esperando parecer da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado. Não há certeza que consiga tramitar com agilidade, muito menos que venha a ser aprovado.

Sabemos que existe muita pressão por parte das editoras científicas comerciais para estabelecer um critério de escassez nessa produção, a fim de aumentar seus lucros. Por enquanto, apenas o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT da UFRJ apoiou publicamente o projeto de lei.

No entanto, importantes centros de pesquisa por todo mundo, como a Universidade de Harvard por exemplo, têm investido fortemente no conceito de Open Access. Conheça o Harvard Open Access Project.

Tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, se fortalecem as políticas pelo acesso livre ao conhecimento científico. Só na área de saúde, os números são bem significativos: o US PubMed Central (PMC), repositório mantido pela National Institutes of Health (NIH), dos EUA, disponibiliza hoje mais de 2,5 milhões de artigos em texto completo. Na Europa, o Europe PMC, lançado em novembro de 2012, tem mais de 2 milhões de artigos científicos.

Aqui no Brasil, felizmente, temos a iniciativa pioneira da Fundação Oswaldo Cruz que criou o repositório institucional Arca para disseminar e preservar a produção intelectual da instituição. Conheça o Arca.

Este conceito deveria ser levado para toda a universidade brasileira. No entanto, ao contrário, temos hoje o Portal de Periódicos Capes que funciona em direção oposta: boa parte de seu conteúdo só é acessível por IPs registrados de quem é assinante e paga pelo serviço.

O movimento de software livre lançou o slogan: “toda a informação quer ser livre”. Em se tratando de conhecimento científico, essa máxima é ainda mais verdadeira pois, para a ciência avançar, o conhecimento deve ser compartilhado o mais amplamente possível.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Produção e difusão dos textos...

PF identifica empresa de telemarketing do Rio que espalhou boatos do Bolsa Família
24/05/2013 - 19h58 | Fonte : OlharMS


BRASÍLIA - Em menos de uma semana de investigação, a Polícia Federal descobriu indícios de que uma central de telemarketing com sede no Rio de Janeiro foi usada para difundir o boato de que o Bolsa Família, o principal programa social do governo federal, iria acabar. Mensagem de voz distribuída pela central anuncia o fim do programa, conforme dados do inquérito aberto no início da semana a partir de uma determinação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A descoberta reforça a tese de que a ação tenha sido organizada.
A polícia tentará agora descobrir quem contratou os serviços de telemarketing e se, de fato, existe algum grupo com interesse político-eleitoral por trás da tentativa de se assustar os beneficiários do Bolsa Família. A polícia decidiu também interrogar, a partir da próxima semana, as 200 primeiras pessoas a fazer saques logo após o início da disseminação dos boatos sobre o fim dos programas. A polícia quer saber como cada um deles foi informado sobre o fim do programa.
— Está comprovado o uso do telemarketing — disse ao GLOBO uma fonte que está acompanhando de perto as investigações.
Os boatos sobre o falso fim do programa começaram a ser difundidos no sábado passado e provocaram uma corrida em massa à agências da Caixa Econômica Federal, pagadora do benefício. Os primeiros saques foram feitos no Maranhão, Pará e Ceará por volta de 11h do sábado passado, 30 minutos depois do registro de uma das ligações da central de telemarketing sobre o falso fim do programa. No dia seguinte, os terminais da Caixa registravam 900 mil saques no valor total de R$ 152 milhões.
A presidente Dilma Rousseff classificou a ação de criminosa. Cardozo disse que a hipótese mais provável é que se tratava de uma manobra orquestrada. A ministra da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário, chegou a insinuar, no twitter que os boatos teriam partido da oposição. Líderes da oposição reagiram e passaram a levantar suspeitas sobre setores do governo que, no fim das contas, acabariam obtendo dividendos políticos com o caso.
Os investigadores do caso tentam se manter longe dos embates políticos, mas não descartam que o episódio tenha alguma conotação eleitoral.
O Bolsa Família tem sido motivo de debate nas principais eleições nos últimos anos. A partir do aprofundamento sobre o uso do telemarketing e de declarações dos beneficiários, a polícia entende que poderá esclarecer o caso.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Novas configurações à publicidade


How Tumblr Forces Advertisers to Get Creative

What the blog network’s monetization plans say about the future of publishing.
Tumblr, sometimes unfairly shorthanded as the “hipster blogging service,” is now the ninth most visited site in the U.S. It’s a favorite of mobile phone users–to wit, Tumblr has even put out a dedicated app on Windows Phone 8, just this week. And yet Tumblr still isn’t profitable, six years in.
Should we dismiss Tumblr, then, as a form of vaporware?  Often, when founders say that profitability “just isn’t something we’re worried about right now,” I tune out. I begin to wonder whether they’re at the helm of a grand extracurricular project, a giant bubble waiting to burst.
But that’s not the case with Tumblr. Actually, Tumblr’s careful and deliberate monetization of its site–much like BuzzFeed’s–is probably the future (or let’s say one future) of advertising, and of content creation on the web more generally.
Tumblr recently allowed advertisers to feature content on its site. But unlike Facebook, say, or the New York Times website, Tumblr doesn’t rely on simple banner ads (founder David Karp is said to loathe them). Rather, Tumblr is forcing advertisers to play the same game as Tumblr’s own users. Advertisers have to create Tumblrs (pared-down blogs) of their own, in effect; the content of those blogs can then be featured prominently through the site. As Bloomberg put it last month: “Tumblr tells advertisers to come up with campaigns that will spread through the network like its other content.”
For decades, in publishing, a firewall has existed between those who sell the ads (the publishers), and those who write the content (editorial). Speaking as someone who came up through editorial, the narrative for us has always been one of fending off the publishers, of defending our editorial freedom. The narrative was that editorial was under siege by the forces of commerce.
Tumblr gives the lie to that way of viewing things. In another sense, the forces of commerce have been under siege by editorial–by the people making interesting content. Because the fact of the matter is, most people ignore the banner, fast-forward on the DVR, or click to skip the YouTube ad; in fact, there are whole YouTube ads predicated on this joke. Editorial has won in a sense: the idea that advertising, like editorial content, must be interesting, has won. You can’t just advertise next to someone else’s Tumblr. You’ve got to create a Tumblr of your own.
I recently was speaking with a comedy writer who teaches a course in sketch writing. She said that the unit on writing commercial parodies had become the most difficult to teach, because so many ads today had become truly, organically funny. In the early 90’s, it was easy to satirize the straight-faced Tylenol PM ad, or the eerie cereal ad featuring an animated rabbit. Nowadays, though, advertisements themselves are often very funny: the dating site Zoosk’s ads are essentially commercial parodies in and of themselves.
The editorial sensibility has won. Advertisers have to become content creators, and Tumblr is riding that wave. “We’re not bringing them a template or format to complete,” Lee Brown, Tumblr’s head of sales, told Bloomberg. “We’re giving them a canvas. That takes a lot of time and a lot of thought.” Ads now have to be engrossing, like good journalism. It’s unclear, now, just which side that firewall between editorial and publishing was protecting.

domingo, 19 de maio de 2013

Quem está sendo autorizado a falar de quê?

Educação| 19/05/2013 | Copyleft

Novo currículo do curso de jornalismo escamoteia poder do oligopólio

Pesquisadores acadêmicos de alto quilate conseguiram a proeza de propor as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Jornalismo sem se pronunciar sobre como se configura o sistema empresarial, oligopólico, firmado sobre a propriedade cruzada de diferentes meios de comunicação.

Estão prestes a ser homologadas pelo ministro da Educação as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Jornalismo, aprovadas pela Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE) em 20/2/2013. O Parecer 39/2013 CNE/CES pouco alterou o relatório final da chamada Comissão Marques de Melo. O estágio obrigatório de 200 horas foi mantido, apesar da posição inicial desfavorável do relator.

A meu ver, a ausência mais aguda nas Diretrizes Curriculares é a do Capital. Um conjunto de pesquisadores acadêmicos de alto quilate conseguiu a proeza de reunir-se para tratar do Curso de Jornalismo tendo chegado ao final de seu trabalho sem se pronunciar sobre como se configura no Brasil o sistema empresarial, oligopólico, firmado sobre a propriedade cruzada de diferentes meios de comunicação, que dá as cartas na mídia e no jornalismo brasileiros. Dizendo de outra forma, o sistema responsável pela produção da maior parte do jornalismo brasileiro, diário ou semanal, seja ele impresso, televisivo, radiofônico ou digital, é ignorado no documento.

Desse modo, não há uma avaliação crítica do papel desempenhado no jornalismo pelos empregadores de importante parcela dos atuais e dos futuros jornalistas, empregadores esses dotados de notável poder econômico e político na sociedade brasileira, habituados a moldar o jornalismo que praticam de acordo com seus interesses. Eles deixaram de ser criticados pelos especialistas da “Comissão Marques de Melo”, que, no entanto, preocuparam-se em atender suas demandas, por exemplo por meio da figura do estágio obrigatório (“possibilitando a interação da universidade com o setor produtivo”) ou do Mestrado Profissional (recomendação felizmente ignorada pelo CNE/CES), que permitiria a “formação de profissionais especializados, pleito histórico das organizações jornalísticas” (leia-se: empresas de jornalismo).

Também no tocante à comunicação entendida como sistema global, mundial, o relatório que embasou as novas Diretrizes Curriculares valorizou excessivamente as redes sociais e a convergência digital, bem como os “novos sujeitos”, sem levar em conta que prossegue célere o processo de concentração e fusão das corporações gigantes de mídia, ou seja, dos capitais que atuam no setor. Por exemplo, afirmam os especialistas: “Os conteúdos da atualidade, veiculados pelos gêneros jornalísticos são, em esmagadora maioria, ações discursivas de sujeitos que agem no mundo e sobre o mundo por meio de acontecimentos, atos, falas e/ou silêncios. Valorizados pelas técnicas e pela identidade ética, esses conteúdos são socializados no tempo e no espaço do Jornalismo, pelos instrumentos da difusão instantânea universal. E assim, pelas vias confiáveis do Jornalismo, se globalizam idéias, ações, mercados, sistemas, poderes, discussões, interesses, antagonismos, acordos” (Relatório, p. 4). Tudo parece, assim, muito difuso e etéreo, quando a realidade é bem outra, mesmo na Internet, onde a presença das grandes corporações, bem como a ação de grandes Estados, é avassaladora.

Quando cita o mercado ou as empresas, o relatório final da “Comissão Marques de Melo” o faz acriticamente, como se o protagonismo desse setor nada tivesse a ver com o jornalismo que se pratica hoje (no Brasil e no mundo) ou com a formação jornalística. O jornalista, assim, apesar da retórica humanística do texto, ao fim e ao cabo é apenas força de trabalho para as empresas de jornalismo. Mas o Relatório não se limita a escamotear, na abordagem geral prévia, o oligopólio da mídia e do jornalismo. Ele também deixa de incluir esse tópico nos próprios conteúdos curriculares sugeridos. E o CNE/CES aprovou integralmente tais conteúdos.

O objetivo principal do relatório final parece ser subordinar a formação oferecida aos imperativos do mercado. É isso que explica os ataques presentes, no relatório, a um tipo de formação mais reflexiva, mais crítica dos meios de comunicação de massa, por exemplo: a teoria “passou a não reconhecer legitimidade no estudo voltado ao exercício profissional, desprestigiando a prática, ridicularizando os seus valores e se isolando do mundo do jornalismo” (Relatório, p. 12); ou: “A ênfase na análise crítica da mídia, quando feita sem compromisso com o aperfeiçoamento da prática profissional, abala a confiança dos estudantes em sua vocação, destrói seus ideais e os substitui pelo cinismo” (idem).

Observe-se, porém, a seguinte recomendação da Unesco, presente em publicação recente sobre os currículos de jornalismo: “Uma boa formação deve fornecer aos estudantes conhecimento e treinamento suficientes para que reflitam sobre a ética do jornalismo, suas boas práticas e sobre o papel do jornalismo na sociedade. Eles também devem aprender sobre a história do jornalismo, a legislação da comunicação e da informação e sobre a economia política da mídia (incluindo tópicos como propriedade dos meios, estrutura organizacional e competição)” (Modelo curricular da Unesco para o ensino do Jornalismo, Unesco, Brasil, 2010; página 6). Mais adiante, mesmo ressaltando que o curso pensado não se destina a formar pesquisadores acadêmicos, o texto diz: “Pretendemos, igualmente, preparar os estudantes para que sejam críticos a respeito do seu próprio trabalho e em relação ao de outros jornalistas” (idem, p. 7).

A “Comissão Marques de Melo” fechou seu relatório em 2009 e cita apenas a versão anterior (2007) do Modelo curricular da Unesco... Mas é importante assinalar que há uma preocupação da Unesco com essa questão (para quem trabalhamos? quem detém o poder no jornalismo?) que é simplesmente diluída, no documento dos especialistas, em considerações genéricas sobre a ética e a responsabilidade do jornalista.

Em nenhum dos seis Eixos de Conteúdo que constam do item 5 do Relatório (Conteúdos Curriculares) e foram aprovados in totum pelo CNE/CES consta algo consistente sobre o tema, exceto por uma vaga referência, no Eixo III, à “regulamentação dos sistemas midiáticos, em função do mercado potencial” (sic). Basta conferir isso nas páginas 11 e 12 do Parecer CNE/CES 39/2013.

Por fim, é bastante deplorável que o CNE/CES tenha mantido o estágio obrigatório, sob a forma de Estágio Curricular Supervisionado. Isso legitima e amplia a enorme pressão das empresas sobre os estudantes e sobre os cursos. O estágio em jornalismo tem sido um dos mais importantes fatores de aviltamento do mercado de trabalho dos jornalistas brasileiros, funcionando como instrumento de substituição de força de trabalho qualificada. Do ponto de vista simbólico, ele reforça a propaganda das empresas de que só elas dominam o saber jornalístico, e dilui a pressão sobre as escolas de jornalismo para que ofereçam laboratórios de boa qualidade e corpo docente qualificado.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Para construir um país mais democrático e desenvolvido precisamos avançar na garantia ao direito à comunicação para todos e todas. O que isso significa? Significa ampliar a liberdade de expressão, para termos mais diversidade e pluralidade na televisão e no rádio.
Ainda que a Constituição Federal proíba os oligopólios e os monopólios dos meios de comunicação, menos de dez famílias concentram empresas de jornais, revistas, rádios, TVs e sites de comunicação no país. Isso é um entrave para garantir a diversidade.
Pare e pense! Como o índio, o negro, as mulheres, os homossexuais, o povo do campo, as crianças, aparecem na televisão brasileira? Como os cidadãos das diversas regiões, com suas diferentes culturas, etnias e características são representados? A liberdade de expressão não deveria ser para todos e não apenas para os grupos que representam os interesses econômicos e sociais de uma elite dominante? Existem espaços para a produção e veiculação de conteúdos dos diversos segmentos da sociedade na mídia brasileira?
A concentração impede a circulação de ideias e pontos de vista diferentes. São anos de negação da pluralidade, décadas de imposição de comportamentos, de padrões de negação da diversidade do povo brasileiro. 
Além disso, a lei que orienta o serviço de comunicação completou 50 anos e não atende ao objetivo de ampliar a liberdade de expressão, muito menos está em sintonia com os desafios atuais da convergência tecnológica.
A Constituição de 1988 traz diretrizes importantes nesse sentido, mas não diz como alcançá-las, o que deveria ser feito por leis. Infelizmente, até hoje não houve iniciativa para regulamentar a Constituição, nem do Congresso Nacional, nem do governo.
Diante desse cenário, entidades da sociedade civil e do movimento social se organizaram para encaminhar um Projeto de Lei de Iniciativa Popular das Comunicações para regulamentar o que diz a Constituição em relação às rádios e televisões brasileiras. A marca de 1 milhão e trezentas mil assinaturas colocará o Projeto de Iniciativa Popular por Mídia Democrática em debate no Congresso Nacional!
Vamos mudar a história da comunicação brasileira levando às ruas o debate da democratização da comunicação.
Leia com atenção a proposta da sociedade civil que vai mudar o cenário das comunicações no país. Assine e divulgue aos seus familiares, amigos e até desconhecidos!
Nesta página você encontrará todo o material para divulgar a democratização da comunicação e também para coletar assinaturas para o projeto de lei. Panfleto, Formulário para coleta de assinaturas, o Projeto de Lei. Imprima, distribua e colete as assinaturas em seu Estado!
Boa luta para todos nós!

KIT COLETA
Todo cidadão/cidadã pode buscar voluntariamente as assinaturas para o projeto. Disponibilizamos abaixo um kit com o material necessário para o diálogo nas ruas.  

- Folha de Rosto para coleta de assinaturas (Clique aqui)
Texto explicativo do documento para ser entregue juntamente com o Projeto de Lei de Iniciativa Popular.

- Lista para coleta de assinatura/Lista de apoiamento (Clique aqui)
Formulário para preenchimento dos dados do cidadão/cidadã que assinará o projeto.
Observação importante: sobre a “exigência” do título de eleitor
A exigência do título de eleitor feita pela Câmara dos Deputados para este tipo de projeto pode vir a dificultar a coleta. No entanto, acreditamos que é possível adotar uma política em que isto não seja um problema.
Ou seja, NINGUÉM SEM TÍTULO DE ELEITOR VAI DEIXAR DE ASSINAR.
Se a pessoa não tiver o título, pede-se o nome da mãe e a data de nascimento. O formulário já vai ter espaço pra isso.
Em último caso, se a pessoa estiver com pressa ou se não quiser preencher o nome da mãe, pode deixar em branco essa parte.

- Projeto de Lei da Comunicação Social Eletrônica (Clique aqui)
Texto completo do Projeto de Lei de Iniciativa Popular das Comunicações

- Para onde encaminhar 
Os formulários preenchidos deverão ser enviados por correio para o endereço:
Setor Comercial Sul, Quadra 6, Ed Presidente, sala 206, CEP 70327-900, Brasília – DF
Ao enviar os formulários, favor avisar a secretaria do FNDC por e-mail (secretaria@fndc.org.br) ou pelo telefone (61) 3224-8038

MATERIAIS DE DIVULGAÇÃO
- Panfleto Lei da Mídia Democrática 
Imprima em seu Estado, na sua cidade e espalhe a notícia!
(Frente: clique aqui)
(Verso: clique aqui)

- Banner/cartaz Lei da Mídia Democrática (Clique aqui)

sexta-feira, 3 de maio de 2013

"Uma imagem vale mais que mil palavras..."

Una imagen miente más que mil palabras

Protesta de opositores al chavismo
"¡Cobardes! ¿Por qué no publican esto?" ...y a continuación encontrábamos una imagen de unas cajas de votación siendo quemadas que "comprobaban el fraude electoral en Venezuela" y que circularon hasta el cansancio a través de redes sociales. Ya saben lo que dicen, que una imagen puede ser más explícita que cualquier texto que se publique sobre un hecho cualquiera.
Sí, es bastante cierto. Pero eso vale sólo si la imagen es verídica, si retrata un hecho real.
A través de nuestra página en Facebook muchos de nuestros seguidores compartieron esas fotos y videos con nosotros, pidiendo que los publicáramos para mostrar "la verdad" tras las elecciones en Venezuela. Lo mismo a través de twitter.

Incluso, cuando mi colega Alfredo Ochoa en este mismo espacio escribía de los retos de cubrir unas elecciones como las venezolanas, donde la polarización es muy elevada, uno de los comentarios no sólo nos exigía la publicación de tales fotos, sino que nos acusaba de recibir dinero del gobierno de Venezuela por no hacerlo.

Sin embargo, esas fotos terminaron siendo de procesos electorales anteriores y no arrojaban luz sobre un hecho ya de por sí bastante complicado y que todavía se encuentra bajo cuestionamiento. La polémica incluso no ha terminado.

Pero el riesgo de "mentir más que mil palabras" va más allá de Venezuela. También tiene que ver con el caso de Boston, donde la información que circuló por redes sociales llegó incluso a confundir a las autoridades y a medios periodísticos.

Ante hechos así, totalmente inesperados, en el pasado nos encontrábamos ante un vacío de información. Pero hoy en día, gracias a la tecnología y a los llamados teléfonos inteligentes, un caudal de relatos, fotos y videos se encuentra potencialmente a la mano. Especialmente tras la maratón de Boston.

Piénsenlo. En la línea de meta había miles de espectadores con sus cámaras y celulares en la mano, ni hablar de la cantidad de medios que estaban ahí cubriendo el evento deportivo.
Lo ocurrido en la maratón de Boston puede considerarse como un ejemplo típico de cómo una audiencia masiva pudo participar en la cobertura periodística a través de redes sociales.
Explosión en la maratón de Boston
Sin embargo, a la hora de la investigación policial, lo que podría ser visto como una ventaja, terminó siendo un obstáculo
Incluso algunos sitios de noticias en Estados Unidos transmitieron información que al final resultó ser falsa.

Recientemente escuché en la radio a Jamie Bartlett, encargado de redes sociales de la ONG Demos, del Reino Unido. En una entrevista con la BBC decía que en la actualidad observar lo que se comparte en redes sociales podría considerarse una nueva rama de inteligencia, una que las autoridades pueden utilizar para obtener información valiosa.

Sin embargo, Barlett aclara que esto requiere nuevas herramientas, técnicas y sistemas para poder filtrar la información que puede llegar a ser verdaderamente útil.
"Solo porque algo haya sido retuiteado un millón de veces, no lo hace más propenso a ser la verdad", aseguraba el experto en el Today Programme de Radio 4.

Lo mismo pasa en el periodismo y es ese un reto constante que tenemos tanto en BBC Mundo como en el resto de la BBC.

Eso me aseguró Trushar Barot, editor del UGC (User Generated Content), el departamento central de la BBC que trabaja verificando el contenido generado por usuarios.

Al conversar sobre este tema le pregunté cómo hacía él. Su consejo, después de años de lidiar con las imágenes recibidas por parte de nuestra audiencia, es ser siempre escéptico. Siempre.
Hay señales para comprobar la autenticidad de una imagen. Lo primero es establecer lo que sí se conoce de un hecho, gracias a lo que nos pueden decir nuestros corresponsales en el terreno u otras agencias de noticias, y sobre esa base comenzar a juzgar.

Por ejemplo, uno puede ver si el clima en esa parte del mundo corresponde a lo que se ve en la fotografía, o si no hay algún otro elemento en la imagen que salte a la vista.

O -a través de otros procedimientos técnicos con los que no pienso aburrirlos- comprobar si esa imagen fue manipulada o publicada previamente en otro contexto y cuál es su antigüedad. Lo importante acá es reiterar la necesidad de ser cautelosos y verificar los hechos.

Hay un riesgo muy grande en nuestro trabajo: desinformar más que informar al ofrecer datos erróneos. Un riesgo que se repite ante hechos noticiosos grandes, en los que bien sea por equivocación o por mala intención, en muchos casos las imágenes compartidas en redes sociales por el público general no corresponden a la realidad.

Muchos piensan que en el futuro las redes sociales desplazarán al trabajo periodístico. Yo no estoy muy seguro. De hecho, no lo creo. ¿Qué piensan ustedes?